segunda-feira, 11 de novembro de 2024

«Festival de Cinema Infantil» (+ Lista); Faciolince

[alcançada a p. 300; leitura «quase» terminada]

RECORTE(s):

     Na Páscoa desse ano as minhas sobrinhas de Bogotá voltaram e o Córdoba inventou, na sua casa transitória, um «festival de cinema infantil» para elas e para as crianças com quem vivia agora [...]
    Falou com o Pocholo e com outros amigos e conseguiu arranjar as fitas e as licenças que queria. E todos os dias dessa Páscoa, no pátio da casa de Laureles, num grande ecrã que eu levei para lá, e com o velho projector que o Córdoba tinha, cerca de doze crianças puderam ver os dez filmes que o Luís preparara para eles. Com um intervalo de meia hora para tomar qualquer coisa, projectava dois por dia. Fazia uma introdução e entregava a cada criança uma fotocópia da ficha técnica dos filmes [...] [lista dos filmes que o Gordo apresentou] [...]:
1. Adeus rapazes (Au revoir les enfants), de Louis Malle, com Gaspard Manesse
2. O livro da selva (...), de Walt Disney
3. O menino selvagem (...), de Truffaut, com o próprio realizador no papel de proagonista
4. Lua de papel (...), de Peter Bogdanovich, com Ryan O'Neal e Tatum O'Neal
[sublinhados acrescentados]
5. O pirata sangrento (...), de Robert Siodmak, com Burt Lancaster 
6. A princesa prometida (...), de Bob Reiner, com Mandy Patinkin
7. O navegante (...), de Buster Keaton
8. Meu pé de laranja lima (...), de Aurélio Teixeira
9. A guerra dos botões  (...), de Yves Robert
10. Tempos modernos  (...), de Charlie CHaplin

     Em jeito de brinde, no Domingo da Ressurreição, também projectou uma ópera, A flauta mágica, na versão cinematográfica de Bergman. Também neste caso o Luís ia traduzindo o guião do alemão, e as crianças acompanhavam, fascinadas, [...]

Héctor Abad Faciolince, Salvo o meu coração, tudo está bem, pp. 289 - 290

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

«a página de cinema», H. A. Faciolince

 RECORTE(s):

      Pouco a pouco, o Córdoba foi-se tornando o crítico de cinema mais respeitado de Medellín, e talvez o mais importante da Colômbia. [...] Seja como for, naqueles anos, se aos domingos El Colombiano se vendia muito em quase todas as capitais e em numerosas aldeias do país, [...] isso devia-se, em boa medida, à página de cinema que ele concebia durante toda a semana e paria em dois dias  .[...]

[sublinhados acrescentados]; [Entrevista no Ípsilon]

Héctor Abad Faciolince, Salvo o meu coração, tudo está bem, p. 42

[no «Ípsilon», a  2 de Janeiro de 25, entrevista e notas, por J. R. Direitinho]

terça-feira, 27 de agosto de 2024

Cinema, «um divertimento vulgar»

  [alcançada a p. 172, hoje de manhã]

RECORTE(s)

     Quanto ao cinema, os meus pais consideravam-no um divertimento vulgar. Julgavam Charlot demasiado infantil, até para crianças. No entanto, quando um amigo do papá nos arranjou um convite para uma projeção privada, vimos uma manhã, numa sala dos boulevards, L' Ami Fritz; todos concordaram que a fita era deliciosa. Semanas mais tarde, assistimos, nas mesmas condições,  ao Rei da Camargue. O herói, noivo de uma camponesa doce e loira, passeava a cavalo à beira-mar; encontra lá uma cigana nua de olhos faiscantes, que chibateava o seu cavalo; fica embasbacado durante longos momentos; mais tarde, fecha-se com a bela morena num casebre, no meio do pântano. Reparei que a minha mãe e a avó trocavam olhares apavorados ; a sua inquietação acabou por me alertar e adivinhei que aquela história não era para a minha idade. [...]
[sublinhados acrescentados]

Simone de Beauvoir (1908-1986), Memórias de uma menina bem-comportada (1958), 2023, p. 64

quinta-feira, 11 de julho de 2024

Doris Day vista do cemitério

      «Um dos primeiros filmes que vi (talvez tivesse uns onze ou doze anos) era com Doris Day. O cinema da freguesia estava a ser construído e, como a maioria dos espectáculos era para «Maiores de 16 anos», um grupo de rapazes saltava a parede do cemitério, contígua a uma das paredes do edifício em construção, e víamos os filmes do cemitério. Não ouvíamos o som mas, apesar disso, desfrutávamos muito da camaradagem e dos filmes. Íamos ao cinema - ou às fitas, como quase todos diziam - ao cemitério![...]»

              Francisco Cota Fagundes, No fio da vida - Uma odisseia luso-açoriana, 2013, p. 57 [edição em inglês de 2000]; [datado de 1990]

segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Lobo Antunes

 

Lucian Freud: Natureza morta com um livro (1991-92).
 [do DN}

- na Crónica de ontem,  João Lopes estabelece relações entre «Cartas da Guerra»»**, o filme de Ivo Ferreira e o «recente»  As outras crónicas;

RECORTE:

[...] o filme de Ivo Ferreira envolve um conceito ético e estético nos nossos dias cada vez mais menosprezado, ou apenas desconhecido. A saber: a palavra literária não existe carente de imagens, como se fosse imperfeita e necessitasse de ser "ilustrada". Dito de outro modo: o cinema não serve para "reproduzir" os livros; o seu poder, porventura a sua vocação, consiste em com eles criar uma cumplicidade narrativa capaz de nos ajudar a pensar o lugar que as palavras e as imagens ocupam na voragem do tempo.

- ** lembra-se R. de propor algumas, quando o Género AUTOBIo «estava» no PROG. do 1.º Bloco; de mostrá-lo, anos depois,  a 3.ºs Blocos e de uma Menina que ficou tão [...], que o pediu de prenda aos pais...; ah, e de, simultaneamente, lhes mostrar os AEROGs. enviados pelo (então futuro cunhado) C. E. (70-72 Lunda)